Faz pouco mais de cem dias desde que saí de casa. Hoje, parece que foi em outra vida. Lembro-me perfeitamente de meus pais me dando um último abraço no aeroporto e chorando ao me ver entrar no portão de embarque. Logo antes de minha saída ganhei um terço do padre da minha igreja, ele disse que quando a saudade fosse de mais, deveria rezar e tudo ficaria bem. Não posso dizer que não o fiz. Algumas vezes o presente se mostrou realmente necessário.

Estou aproveitando a experiência, e sentir saudades é perfeitamente natural, especialmente para uma adolescente que está pela primeira vez longe de casa, em uma cultura tão diferente da sua. Gostaria de ver meus pais novamente, é verdade, mas sei muito bem que isto não pode acontecer. Seria, como aprendi no AFS, voltar para minha zona de conforto. Hoje já me sinto uma pessoa completamente diferente da que veio do Brasil, o intercâmbio faz isso com a gente, amadurecer se torna necessário. Situações nas quais normalmente contamos com a ajuda dos pais passam a ser responsabilidade sua. É você com os seus problemas. Apesar das dificuldades, também aprendi muitas coisas novas e fiz muitas memórias inesquecíveis.

Um dos melhores momentos foi quando conheci minha família. Já no primeiro dia, eu e a minha irmã partimos em uma jornada pela floresta. É claro, nós nos perdermos e tivemos que ligar para o namorado da nossa irmã. Todos eles são incríveis e nos damos muito bem. Outro momento memorável foi quando eu viajei com a minha turma da escola. Passamos uma semana nas montanhas, teve muita aventura e eu fiz muitas novas amizades. O primeiro dia de aula na minha escola nova foi, admito, um tanto assustador. Me senti em um filme digno de Hollywood: Primeiro de setembro, armários novos, colegas novos, professores tentando ler o meu nome e não conseguindo e tantas outras situações que parecem até mesmo surreais.

O choque cultural é indescritível. Considero-me sortuda por poder vivenciar uma experiência tão única e enriquecedora como esta. É um verdadeiro privilégio, uma oportunidade mágica que vou levar comigo para o resto da vida.

– Giulianna Lunardelli Pezzol, AFSer na Polônia