Como o AFS contribuiu para o seu desenvolvimento profissional e qual é o seu projeto hoje?

Eu participei do programa de trabalho voluntário na Costa Rica de julho 2008 a janeiro 2009. Minha vontade de fazer um segundo intercâmbio (já havia feito um na modalidade high school em 2004-2005) e a possibilidade de conseguir uma bolsa parcial por ser voluntária do AFS surgiram na mesma época; era uma oportunidade imperdível. Baseado nas minhas preferências em relação ao tipo de trabalho voluntário que gostaria de fazer, o AFS Costa Rica me colocou em uma ONG chamada Musade, localizada na cidade de San Ramón, na região do vale central. 

O trabalho da Musade envolve voluntárias nacionais e internacionais e assistentes sociais que juntas promovem os direitos das mulheres por meio de atividades focadas na organização do poder local com perspectiva de gênero, saúde integral e violência domêstica, e economia comunitária. O engajamento com todas essas atividades e com uma equipe multicultural, tendo contato diário com as mulheres e comunidades beneficiadas pela ONG foi algo realmente transformador. A oportunidade de presenciar e aprender sobre as diferentes realidades sociais e, mais especificamente, a situação da mulher na América Latina abriu meus olhos para a importância de ONGs como a Musade e de agências internacionais que trabalham para mudar as vidas de pessoas em todo o mundo. 

Após o programa, voltei para o ambiente corporativo no Brasil e atuei por alguns anos na área da comunicação em diferentes empresas. Trabalhava com projetos e clientes em toda a América Latina, graças à fluência em espanhol que adquiri na Costa Rica. Mesmo gostando de atuar no setor privado, ficava cada vez mais claro para mim que eu precisava direcionar minhas competências para promover o desenvolvimento social no mundo e não o enriquecimento de algumas poucas pessoas. Como era inevitável, logo tive vontade de ter outra experiência no exterior. Fui aceita em um mestrado na Europa que combina minha paixão por comunicação intercultural, comunicação para o desenvolvimento e a possibilidade de morar em três países diferentes ao longo do programa. 

Depois de um semestre de aulas em Groningen, Holanda, e outro em Milão, Itália (que, por si só já valeram todo o esforço de encarar uma mudança internacional), me candidatei a vários estágios de mestrado na área de comunicação de algumas organizações internacionais, incluindo vagas em diferentes agências da ONU. Fui selecionada por duas agências da ONU e para a Organization for the Prohibition of Chemical Weapons (OPCW). A minha experiência tanto em ONGs como no setor privado, em conjunto com a minha competência intercultural desenvolvida com o AFS, chamou a atenção dessas organizações. Daqui a alguns dias começo meu estágio no World Food Programme em Roma, na área de Foundation Partnerships, onde terei a oportunidade de unir todos os meus interesses profissionais e atuar como uma ponte entre o setor público e privado. Imagino que será incrível!

Silvia Posnik Roloff, intercambista na Costa Rica em 2008